Governo quer o sector privado na produção de energia eléctrica


 

 

 

 

 

A sua Excelência Ministro da Energia e Águas Engº João Baptista Borges garantiu que vão prosseguir em direcção à meta 2025, o que vai exigir reajustes e redefinição de focos. Apesar disso, o ministro lembrou que o sector consta do topo das prioridades do Executivo, já que dele depende o desenvolvimento económico e industrial do país e da qualidade de vida dos seus cidadãos. O esforço financeiro do Estado para a realização dos projectos estruturantes exige um pacote financeiro na ordem dos 29 mil milhões de dólares.

 

João Baptista Borges falou da necessidade do esforço do Estado ser complementado com uma forte captação de investimento privado e criação de condições necessárias para que o investidor veja o retorno do seu investimento realizado. “A revisão da Lei da Electricidade pretendeu atingir esse objectivo. O fortalecimento da entidade reguladora do sector eléctrico, que neste momento congrega a regulação das águas e o sector eléctrico, é também parte desse objectivo”, sublinhou. 

 

Durante a conferência de imprensa, o ministro lembrou as diversas fases pelas quais passou o subsector da energia. A partir de 2012 o sector entrou para uma fase voltada ao desenvolvimento com a elaboração de um plano centrado no aumento da capacidade de produção de energia, transporte e distribuição, atendendo à projecção do crescimento da população para metas que se estendem até 2025.

 

Fruto do plano, estão em construção projectos estruturantes que utilizam energia hídrica e gás natural, o que vai permitir incremento energético de cerca de cinco mil megawatts com custos reduzidos.

 

O ministro assegurou que com este nível de produção, vai ser possível atender às necessidades de consumo que se registam actualmente. Entre as grandes obras está Cambambe, um projecto de expansão da central que já existia. Actualmente produz 180 megawats. Com a sua ampliação, vai passar a produzir 960 megawatts. “Comparando, vai ser duas vezes aquilo que Capanda produz. Cambambe vai atender cerca de quatro vezes mais famílias do que atende até agora”, explicou o ministro. 

 

Sobre Laúca, projecto localizado na província de Malanje, João Baptista Borges considerou que vai ser a maior central hidroléctrica que o país vai ter até construir-se Caculo Cabaça, pois tem uma capacidade instalada de cerca de 2100 megawatts, quatro vezes Capanda e vai atender oito milhões de pessoas.

 

 

Nova matriz energética

 

Outro projecto estruturante é a Central do Ciclo Combinado do Soyo que utiliza gás natural, que é menos poluente e mais barato, a seguir ao vapor de água, e que vai ter uma capacidade total de 750 megawatts. Recentemente foi aprovado em Conselho de Ministros um projecto para extensão do ciclo Combinado do Soyo, o que vai permitir uma potência total de 1800 megawatts. Ao longo do litoral do país está projectada a construção de ciclos combinados: Cabinda, Benguela e Namibe. Além disso, o ministro falou na possibilidade do uso de placas fotovoltaicas para beneficiar as zonas rurais. 

 

“Com base nesta disponibilidade de gás foi desenhado um plano de desenvolvimento que estabelece uma matriz energética até 2025 em que 62 por cento do volume de energia produzida vai ser assegurado pela utilização de recursos hídricos e cerca de 21 por cento por gás. Com isso vamos desenvolver uma capacidade de produção com gás natural de cerca de dois mil megawatts”, disse. 

 

Até agora, Luanda é o principal centro consumidor, comparado às outras províncias, que devem ficar interligadas por regiões no âmbito de programa do Executivo. Neste sentido, Lunda Sul e Uíge já estão interligadas ao Cuanza Norte, Malanje e Bengo. Depois segue-se Benguela que tem a linha de transporte construída a partir da Gabela e de seguida Huambo e Lubango. “Com isso teremos praticamente construída a rede eléctrica nacional que vai interligar as três regiões: norte, centro e sul”, sublinhou o ministro da Energia e Águas. Dentro do programa de investimento do subsector da energia, vai ser executado o programa de ligações domiciliares. Luanda vai beneficiar de 400 mil ligações, Benguela 45 mil, Huambo e Cabinda com 30 mil ligações cada. Actualmente a taxa de electrificação é de 33 por cento e 90 por cento deste percentual está concentrado no centro da cidade. Grande parte recorre ainda a geradores.

Qualidade da água

 

O ministro falou da qualidade da água e referiu que as situações registadas resultaram das intensas chuvas e da vandalização das condutas. Tirando estes aspectos, disse que a produção de água segue os padrões internacionais para consumo. Quanto às restrições de energia, disse que está dependente dos níveis de procura face a uma oferta ainda aquém do desejado. Sobre a iluminação pública, referiu ser uma questão que deve ser vista pelo sector em conjunto com as administrações municipais, referindo que as tarifas da energia conheceram uma subida para ajustá-la aos custos operacionais.

 

Reformas e investimento

 

João Baptista Borges destacou as reformas em curso no sector eléctrico, com a criação de empresas que vão potenciar o surgimento receitas em cada etapa da cadeia de valor: produção com a PRODEL, transporte com a RNE e distribuição com a ENDE. O ministro admitiu alguma dificuldade no processo, principalmente em relação aos recursos humanos com capacidade e experiência, pois as empresas que foram criadas precisam de recursos humanos altamente qualificados.

O ministro falou ainda da revisão da Lei da Electricidade e da sua regulamentação, cujo grande objectivo é proporcionar condições de atractividade de investimento privado para o sector eléctrico, que é de capital intensivo. 

 

Em relação ao subsector das águas, lembrou que a situação pós-guerra passou pela recuperação total das infraestruturas de abastecimento de água nas sedes municipais e capitais de províncias, cuja reabilitação foi desencadeada para redimensionar os sistemas existentes. 
João Baptista Borges lembrou que existem 12 sedes provinciais com sistemas novos para o abastecimento de água, ao lado de um programa para o abastecimento de água em 132 sedes municipais e o programa “Água para Todos”, cujo objectivo é atender 80 por cento da população rural. Deste percentual, o programa cumpriu 65 por cento. 

 

O ministro lembrou que além destes programas, o sector avança para “empresarialização do sector de águas”, que já permitiu que fossem criadas 11 empresas provinciais com o objectivo de vincular a distribuição e o abastecimento à capacitação e desenvolvimento de uma actividade económica que permita retorno do investimento efectuado nos sistemas.

 

Outro passo passa pela criação de entidade reguladora para o sector de águas. “Estas acções, algumas das quais em curso, vão melhorar o fornecimento de água e saneamento nas zonas urbanas e periurbanas e rurais do país”, disse o ministro.



Fonte: ANGOP